terça-feira, 6 de abril de 2010

Cidade Viajante

Apresentação: A partir da pesquisa que está sendo realizada – Cultura do Trânsito – tendo como recorte o cotidiano de moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre (Alvorada) que trabalham na Capital (Porto Alegre), esta crônica etnográfica traz imagens que evocam o local de convergência da maioria da população trabalhadora, neste caso, o Terminal Conceição, localizado no Centro de Porto Alegre.
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS.
Fonte: Coleção do Projeto Cidade e Memória: a cultura do trânsito em Porto Alegre, RS.
Coordenadores: Ana Luiza Carvalho da Rocha (Bolsa Produtividade em Pesquisa CNPq); Rafael Devos (Pesquisador Associado); Viviane Vedana (Pesquisadora Associada).
Imagens: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq); Luciana Tubello Caldas (Bolsista IC/CNPq); Marize Schons (Bolsista IC FAPERGS); Renata Ribeiro (Bolsista ITI).
Imagem Sonora: Stéphanie Ferreira Bexiga (Bolsista PIBIC/CNPq).
Edição: Luciana Tubello Caldas (Bolsista IC/CNPq).
Local: Terminal Conceição - Porto Alegre/RS.
Data: 14/1/2010.
Tags: Tecendo a Observação Participante


Após o inicio da construção do Camelódromo (Terminal Rui Barbosa) no ano de 2007, aproximadamente vinte linhas da empresa SOUL de Alvorada (Região Metropolitana de Porto Alegre) tiveram o seu final de linha transferidos para o Terminal Conceição; culminando na circulação diária de aproximadamente quarenta mil moradores de Alvorada, que trabalham em Porto Alegre e que utilizam o transporte coletivo.
Esta crônica etnográfica tinha como objetivo vivenciar a condição de espera destes trabalhadores, mas no processo de edição e finalização, revelaram-se relatos que não se limitaram a queixas ou a elogios ao transporte coletivo da empresa SOUL de Alvorada, foram relatos de homens ordinários que diante do dispositivo videográfico tornam-se narradores de suas práticas e táticas implícitas no deslocamento diário.
Para Michel de Certeau o ato de caminhar corresponde a uma atualização do espaço. Nesta crônica percebe-se que o tempo de espera corresponde a uma atualização de táticas e práticas que se projetam na estratégia do outro, daquele que estabelece intervalos de 40 minutos entre um ônibus e outro. Táticas que se coadunam com maneiras de fazer em um ônibus lotado por conta do longo intervalo de 40 minutos, “Sentar-se nos degraus da porta de desembarque” seria um exemplo dessas maneiras de fazer – de se locomover, de se deslocar – que é apresentado nesta crônica.
Com um olhar apressado se terá a impressão que se trata de uma crônica em que seus personagens limitam-se a “reclamar” da situação de deslocamento no interior de um transporte coletivo. Mas atentando esse olhar, veremos que como pano de fundo desses relatos permeia a questão do trabalho. “Assim como a gente tem que ir a gente tem que vir do trabalho”, dessa afirmação, que é anunciada por um dos personagens, pode-se arriscar a hipótese de que a condição do transporte está intimamente relacionada com a necessidade de ir trabalhar, ou melhor, com a necessidade de “toda” uma população Alvoradense ter que ir trabalhar em Porto Alegre. Alvorada surge como a miniatura bachelardiana que assim, como os Alvoradenses, são moradores da grandeza de Porto Alegre.

BIBLIOGRAFIA:

CERTEAU, Michel de; “A invenção do Cotidiano: 1. Artes de Fazer”. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.


Na proxima postagem mostraremos o video da crônica!!!!

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